TUBO DE ENSAIO 10 SONHOS E FERAS
20 agosto 2022
Sábado, das 15h30 às 18h30
La Botica Casa Flamenca - Rua Coronel Melo de Oliveira, 464 – Perdizes (São Paulo)
Carga horária: 3h
Pré-requisitos: sem pré-requisitos
Público-alvo: interessados em geral
Organização: Estúdio Kairós Flamenco (Maissa Bakri), Natasha Navazinas e La Botica Casa Flamenca
* Sobre a oficina *
Sonhos e Feras é a 10ª edição do projeto Tubo de Ensaio, uma série de experimentos temáticos voltados à dança, de abordagem transversal¹ e emancipatória². Com foco nas dinâmicas corporais e de escrita, emprestamos recursos das mais diversas artes, ciências e saberes, como a literatura, a psicanálise, a biologia, a filosofia, a fotografia, o desenho, entre outros. A oficina é aberta a pessoas com as mais diversas trajetórias, não sendo necessária experiência prévia.
Essa edição muito especial foi concebida e organizada com a bióloga, paisagista e amiga Natasha Navazinas.
De caráter teórico-prático, a oficina busca explorar as dinâmicas e tensões entre sonhos e feras, significar e ressignificar suas interseções, seus sentidos subterrâneos, inventados ou premonitórios, amansar inseguranças ou atiçar instintos, vestir-nos das peles duplas dos animais dançantes.
Por um lado, queremos estampar em nossos corpos as abstrações oníricas, encarnar os sonhos, instrumentalizá-los, dar-lhes nossa própria carne em movimento e, conhecendo sua anatomia, os objetos do mundo que possam segurar. Trazer os sonhos à coragem, ao coração, esse de tecido e sangue, ao corpo fera, ao corpo animal, ao corpo que vive o embate com a realidade.
Por outro lado, sonhamos dar ferramentas às feras represadas, cativas, trabalhar a arte da palavra selvagem em animais indomáveis, conversar amigavelmente com elas, aceitar suas presas, mordidas e ataques, falar sua língua e engolir seus sonhos como nossos, integrá-los, usá-los como limite e como arma, sem domar sua ferocidade. Ensinar-lhes palavras-chave, sons, coreografias e imagens para trazer a língua da fantasia ao campo da natureza concreta, criar bestas híbridas e falantes, feras bailarinas, feras artistas.
Evitando a lógica da explicação e da subordinação de uma inteligência a outra, a oficina atua por meio das leituras indicadas, das trocas entre os participantes, da criação de novas narrativas e da expansão do repertório teórico, corporal, expressivo e técnico de cada um, independentemente de suas experiências prévias.
¹ No sentido dos “elementos inconscientes que trabalham secretamente especialidades por vezes muito heterogêneas”. Féliz Guattari e Sueli Rolnik. Cartografias do desejo. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.
² Jacques Ranciére. O mestre ignorante – Cinco lições sobre a emancipação intelectual. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
* Programa *
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Sonhos em carvão - corporificar as feras (vivência corporal, desenho com carvão e produção escrita)
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Ritos de batalha - instrumentos das feras (dinâmica cênica e de baile)
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De grunhidos a melodias - dar voz às feras (ritmo, voz e percussão corporal)
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Teatro da vigília - sonhos concretos (criação de performance autoral)
Vagas limitadas! Máximo de 15 participantes por oficina.
*Evento sujeito a número mínimo de participantes
Inscrições com desconto até 12 agosto: R$ 130
A partir de 13 agosto: R$ 145
Valor especial para quem já participou de alguma das oficinas do Tubo de Ensaio: R$ 120 (até 12 agosto) e R$ 135 (a partir de 13 agosto)
Encerramento das inscrições: 19 agosto
*Caso tenha interesse em participar mas não tenha condições de arcar com a inscrição, entre em contato diretamente com a gente pelo email: maissabakri@gmail.com
QUEM SOMOS
Maissa Bakri
Maissa Bakri é professora, bailarina e coreógrafa de dança flamenca. Tem graduação em Ciências Biológicas e mestrado em antropologia nutricional pelo Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da USP, com ênfase nas relações entre ecologia, cultura, alimentação e saúde. Faz constantes imersões pela escrita e a psicanálise.
Paulistana, desde cedo mantém relação com a dança e a expressão corporal. Aos 7 anos, iniciou-se na ginástica rítmica e no jazz. Explorou, em diferentes momentos de sua trajetória, as danças de salão, a yoga, a dança do ventre, o teatro e o butô. Descobriu o flamenco em 2006 e, desde então, vem se aperfeiçoando com renomados profissionais, no Brasil e na Espanha, como Vera Alejandra e Andrea Guelpa, além de destacados bailaores e coreógrafos espanhóis, entre eles: Manuel Liñán, Juana Amaya, Jesús Carmona, Juan Paredes, Rafaela Carrasco, Concha Jareño, Joaquin Ruiz, Marco Flores, Carmen La Talegona, Domingo Ortega, Inmaculada Ortega e Yolanda Heredia.
Dirige, desde 2018, o Estúdio Kairós Flamenco, que agora oferece aulas onlines e as oficinas do projeto Tubo de Ensaio presenciais e itinerantes. Atua como professora na Cuadra Flamenca, dirigida por Vera Alejandra, em Pinheiros. Ministra cursos regulares e intensivos e desenvolve oficinas, cursos e apresentações em outras instituições e eventos. Integra a Cia. Cuadra Flamenca de dança, dirigida por Vera Alejandra, com presença na cena cultural paulista, em eventos como: Circuito Cultural Paulista, Virada Cultural Paulista, Festival Satyrianas, Instituto Cervantes, Restaurante Paellas Pepe, Livraria da Vila, entre outros.
Natasha Navasinas
Natasha Navazinas ainda é amadora no bailado. Graduada em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, atua na área da arquitetura e design por meio dos jardins. No paisagismo, realiza projetos autorais, plantio de projetos paisagísticos (gerenciamento de obra), manutenções de áreas verdes e consultorias ambientais.
Mesmo tendo trilhado carreira verdejante, a paisagista manteve o contato com expressões corporais e, sobretudo, artísticas. Na primeira infância frequentava ginástica olímpica e na adolescência, praticou esportes acrobáticos em nível competitivo durante 3 anos.
Seu interesse pela música também começou cedo, frequentou o conservatório Fundação das Artes de São Caetano do Sul para os estudos de piano erudito. Em 2019, integrou o Coral da Casa de Cultura Passarinho de Danilo Tomic e Cris Miguel até o início da pandemia, além de participar de apresentações de músicas folclóricas japonesas (Minyiō) acompanhando Sensei Akio Yamaoka e seus alunos de shakuhachi (flauta de bambu).
De corpo e mente inquietos, conheceu as danças do ventre e cigana, identificando-se por esta última e se viu munida de todas as possibilidades (armas) que seu corpo, figurino e objetos cênicos podem proporcionar juntos. A expressão máxima dos povos ciganos é o espírito religiosamente livre, igualmente demonstrado nas danças. Dito por um sonho antigo e num ato consciente, veio se arriscar como facilitadora da oficina Sonhos e feras, em parceria com a professora Maissa Bakri.
*Trechos selecionados de algumas de nossas referências bibliográficas, indicadas a seguir, serão enviados para os inscritos. Sugerimos que a leitura (cerca de 10 páginas) seja feita previamente à oficina.*
Barbara Black Koltuv. O livro de Lilith: o resgate do lado sombrio do feminino universal. São Paulo: Editora Cultrix, 2017.
Clarice Lispector. Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
Franz Kafka. Sonhos. São Paulo: Iluminuras, 2008.
Gabriela Barzaghi De Laurentiis. Louise Bourgeois: e modos feministas de criar. 1.ed. São Paulo: Annablume, 2017.
Hanna Limulja. O desejo dos outros: uma etnografia dos sonhos Yanomami. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Florianópolis, 2019.
Irene Solà. Canto eu e a montanha dança. São Paulo: Editora Mundaréu, 2021.
Jacques Ranciére. O mestre ignorante – Cinco lições sobre a emancipação intelectual. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
Nastassja Martin. Escute as feras. São Paulo: Editora 34, 2022.
Sidarta Ribeiro. Oráculo da noite - A história e a ciência do sonho. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
Sigmund Freud. Freud (1900) A interpretação dos sonhos: Obras completas volume 4. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.