TUBO DE ENSAIO 11 IMPETUS
15 outubro 2022
Sábado, das 16h às 19h
Cuadra Flamenca
Rua Teodoro Sampaio, 1035
Pinheiros (São Paulo)
Carga horária: 3h.
Pré-requisitos: sem pré-requisitos.
Público-alvo: interessados em geral.
Organização: Maissa Bakri
e Vera Alejandra.
Estúdio Kairós Flamenco
e Cuadra Flamenca.
* Sobre a oficina *
Li o que havia escrito e de novo pensei: de que abismos violentos se alimenta a minha mais íntima intimidade,
para que ela se negue a si mesma de tal forma e fuja para o domínio das ideias?
Sinto em mim uma violência subterrânea, violência que só vem à tona no ato de escrever
Clarice Lispector
Impetus é a 11ª edição do projeto Tubo de Ensaio, uma série de experimentos temáticos voltados à dança, de abordagem transversal¹ e emancipatória². Com foco nas dinâmicas corporais e de escrita, emprestamos recursos das mais diversas artes, ciências e saberes, como a literatura, a psicanálise, a biologia, a filosofia, a fotografia, o desenho, entre outros. A oficina é aberta a pessoas com as mais diversas trajetórias, não sendo necessária experiência prévia.
Essa edição muito especial foi concebida e organizada com a bailarina, atriz, coreógrafa, maestra e amiga
Vera Alejandra.
De caráter teórico-prático, a oficina busca explorar o universo de sentidos que orbitam o termo Impetus, um tipo de força que encoraja a ação. 'Porque o ato não é apenas o comportamento, não é apenas o agir no sentido simples da palavra. O ato é aquilo que inaugura uma nova realidade interna psíquica, uma nova realidade na relação com os outros, ou mesmo na visão de mundo”. ³
Investigar os ímpetos singulares de bravura, audácia e coragem que reprimimos por receio de seu impacto e de sua aceitação. Diferenciá-los das violências que atingiram nossos corpos e subjetividades, violências que muitas vezes incorporamos e automatizamos contra nós mesmas e contra o mundo.
Toda potência de vida está ligada às demais. Os humores profundos demandam o fôlego da ira. Impetuosamente buscar o bem, andar por gestos criados, atos inaugurais e danças em gretas. A fúria que nos falta é a antítese da violência. Uma força súbita que nos levaria ao fundo, às molas da engrenagem do ser. Onde o impulso e a coragem de resistir às reações nos fariam amansar a dor, nos dariam o dom de falar uma nova língua, a dos afetos do futuro, do corpo, da coletividade, da criação, da natureza.
Evitando a lógica da explicação e da subordinação de uma inteligência a outra, a oficina atua por meio das leituras indicadas, das trocas entre os participantes, da criação de novas narrativas e da expansão do repertório teórico, corporal, expressivo e técnico de cada um, independentemente de suas experiências prévias.
¹ No sentido dos “elementos inconscientes que trabalham secretamente especialidades por vezes muito heterogêneas”. Féliz Guattari e Sueli Rolnik. Cartografias do desejo. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.
² Jacques Ranciére. O mestre ignorante – Cinco lições sobre a emancipação intelectual. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
³ Entrevista de Benilton Bezerra no livro 'Gesto: práticas e discursos', de Dani Lima.
* Programa *
-
Matizes da violência (vivência corporal e produção escrita)
-
reAÇÃO (dinâmica corporal com fios e objetos cênicos)
-
Fúrias (ritmo e percussão corporal)
-
Impetus (criação de performance autoral)
Vagas limitadas! Máximo de 15 participantes por oficina.
*Evento sujeito a número mínimo de participantes
Inscrições com desconto até 11 outubro: R$ 130
A partir de 12 outubro: R$ 145
Valor especial para quem já participou de alguma das oficinas do Tubo de Ensaio: R$ 120 (até 11 outubro) e R$ 135 (a partir de 12 outubro)
Encerramento das inscrições: 14 outubro
*Caso tenha interesse em participar mas não tenha condições de arcar com a inscrição, entre em contato diretamente com a gente pelo email: maissabakri@gmail.com
QUEM SOMOS
Maissa Bakri
Professora, bailarina e coreógrafa de dança flamenca. Tem graduação em Ciências Biológicas e mestrado em antropologia nutricional pelo Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da USP, com ênfase nas relações entre ecologia, cultura, alimentação e saúde. Faz constantes imersões pela escrita e a psicanálise.
Paulistana, desde cedo mantém relação com a dança e a expressão corporal. Aos 7 anos, iniciou-se na ginástica rítmica e no jazz. Explorou, em diferentes momentos de sua trajetória, as danças de salão, a yoga, a dança do ventre, o teatro e o butô. Descobriu o flamenco em 2006 e, desde então, vem se aperfeiçoando com renomados profissionais, no Brasil e na Espanha, como Vera Alejandra e Andrea Guelpa, além de destacados bailaores e coreógrafos espanhóis, entre eles: Manuel Liñán, Juana Amaya, Jesús Carmona, Juan Paredes, Rafaela Carrasco, Concha Jareño, Joaquin Ruiz, Marco Flores, Carmen La Talegona, Domingo Ortega, Inmaculada Ortega e Yolanda Heredia.
Dirige, desde 2018, o Estúdio Kairós Flamenco, que agora oferece aulas onlines e as oficinas do projeto Tubo de Ensaio presenciais e itinerantes. Atua como professora na Cuadra Flamenca, dirigida por Vera Alejandra, em Pinheiros. Ministra cursos regulares e intensivos e desenvolve oficinas, cursos e apresentações em outras instituições e eventos. Integra a Cia. Cuadra Flamenca de dança, dirigida por Vera Alejandra, com presença na cena cultural paulista, em eventos como: Circuito Cultural Paulista, Virada Cultural Paulista, Festival Satyrianas, Instituto Cervantes, Restaurante Paellas Pepe, Livraria da Vila, entre outros.
Vera Alejandra
Argentina, é atriz e bailarina, bacharel em dança pela PUC-SP. Estudou dança clássica, jazz, teatro e canto. Em 1985 conheceu o flamenco com Ana Esmeralda, especializou-se em Buenos Aires e Madrid. Em 1988, de volta ao Rio, atuou na cena carioca intensamente até 1997, formando bailaores ainda em atividade. Seus principais maestros: Ana Esmeralda, Faico Manzano, Maria Magdalena, La China, Rafaela Carrasco, Domingo e Inmaculada Ortega, Manuel Liñan e Juana Amaya.
Em São Paulo, desde 1997, fundou sua Cia. Cuadra Flamenca em 2005, com a qual vem participando de importantes eventos da cena nacional: Festival de Inverno Ouro Preto com o espetáculo “Galos” (2003); Café Piu Piu de 2003 a 2012- SP com “Convite ao Flamenco"; Circuito Cultural Paulista (2008 e 2014), Turnê CEUs com PROAC -2012/13 com "Andanças Flamencas"; Espetáculo “Taconriá” 2019 no MCB- S.P ; Espetáculo sobre a ponte cultural entre nordeste e andaluzia: “Anda!Luzia!” ( 2019) e o projeto ISTO É FLAMENCO, contemplado pela Lei Aldir Blanc, 2020/2021.
*Trechos selecionados de algumas de nossas referências bibliográficas, indicadas a seguir, serão enviados para os inscritos. Sugerimos que a leitura (cerca de 10 páginas) seja feita previamente à oficina.*
Adam Phillips. On Balance. London: Penguin, 2011.
Alan Badiou. A dança como metáfora do pensamento. In: Pequeno Manual de Inestética. São Paulo: Estação Liberdade, 2002.
Georges Bataille. O erotismo. São Paulo: Autêntica, 2013.
Gabriela Barzaghi De Laurentiis. Louise Bourgeois: e modos feministas de criar. 1.ed. São Paulo: Annablume, 2017.
Jacques Ranciére. O mestre ignorante – Cinco lições sobre a emancipação intelectual. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
Claudio Castelo Filho (Org.). Sobre o feminino: reflexões psicanalíticas. São Paulo: Blucher, 2018.
Nastassja Martin. Escute as feras. São Paulo: Editora 34, 2022.
Nilton Bonder. A alma imoral: traição e tradição através dos tempos. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.