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Espaço [Entre] Mundos e Estúdio Kairós Flamenco convidam:

TUBO DE ENSAIO I – “LAS MANOS

19 JANEIRO 2019

Sábado, das 15 às 18h

Espaço [Entre] Mundos – Rua Fortaleza 190 – Bixiga (São Paulo)

Contato: estudiokairosflamenco@gmail.com

INSCREVA-SE AQUI

 

Carga horária: 3h

Público-alvo: estudantes e profissionais de dança flamenca e de outras modalidades de dança; escritores, artistas visuais, artesãos e interessados em geral

Pré-requisitos: sem pré-requisitos

Organização: Estúdio Kairós Flamenco e Espaço [Entre] Mundos

Vagas limitadas!

*Evento sujeito a número mínimo de participantes

Inscrições com desconto até 31 dezembro 2018: R$ 95

A partir de 01 janeiro 2019: R$ 115

Encerramento das inscrições: 11 janeiro 2019

* Sobre a oficina *

'Las manos' é a primeira oficina do projeto 'Tubo de Ensaio', uma série de experimentos temáticos voltados à dança, com foco na dança Flamenca. De abordagem transversal¹, é aberto a artistas de diferentes vertentes e pessoas com as mais diversas trajetórias, não sendo necessária experiência em dança.

Com caráter teórico-prático, a primeira edição do projeto busca, ‘com uma pitada de conhecimento, uma pitada de sabedoria e o máximo possível de sabor’ ², ampliar o leque de narrativas sobre as mãos, desarticulando-as, em um primeiro momento, do todo potencialmente despótico que é o corpo, para reintegrá-las, um pouco menos embrutecidas ³, à dança e às atividades profissionais e do cotidiano.

Uma das imagens mais marcantes da dança flamenca é a das mãos de um bailarino, executando giros ao redor dos punhos; os dedos traçando no ar caminhos diversos, imprevisíveis. Confrontadas com a força e velocidade dos pés, as mãos seguem uma outra experiência de tempo. Em certos momentos, contudo, sua vontade converge àquela do corpo, arremata um final, sustenta ainda, por um fino instante, uma lasca inefável.

Creio ser essa uma das dificuldades do trabalho com as mãos na dança flamenca: além da indispensável técnica, do estudo, da disciplina e da repetição, há essa inutilidade inaugural dos movimentos das mãos, certo arbítrio. Nesse tempo feminino, não importa o corpo que o habita, reside um dos grandes desafios dos bailarinos de flamenco. Não à toa, nos vemos às voltas com as ‘mãos mortas’; mãos que se rendem às dificuldades, abdicam de si, assimilam uma falsa inferioridade. Morrem por não se sentirem aptas a contribuir, por não saberem o que fazer com a liberdade de ser todo e ainda ser parte.

O enfrentamento desse dilema e a emancipação das mãos como metonímia do corpo orientam as práticas e discussões dessa oficina. Evitando a lógica da explicação e da subordinação de uma inteligência a outra, a oficina atuaria por meio das trocas entre os participantes, da criação de novas histórias e da expansão do repertório teórico, corporal, expressivo e técnico, de cada um, independentemente de suas experiências prévias.

 

¹ No sentido dos “elementos inconscientes que trabalham secretamente especialidades por vezes muito heterogêneas”. Féliz Guattari e Sueli Rolnik. Cartografias do desejo. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.

² Roland Barthes.

³ Jacques Ranciére. O mestre ignorante – Cinco lições sobre a emancipação intelectual. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

 

* Programa *

  • Anatomia, evolução e história: o que podem as mãos? (teoria e prática)

  • Mãos de mulher/mãos de homem? Gênero e a escrita das mãos (prática de produção textual)

  • As mãos na dança - foco na dança flamenca (teoria)

  • Principais movimentos de mãos na dança flamenca (análise de imagens/vídeos e técnica corporal)

  • Mãos de carvão (prática de desenho com carvão em papel Kraft)

  • Pré-movimentos: da terra à Soleá (prática de manipulação de argila)

  • O gesto: mãos mortas, tônus e suavidade (prática com elásticos)

  • Teatro das mãos anárquicas: ilusões de controle (prática)

  • Comer com as mãos! (confraternização - acepipes incluídos – apoio Tabieh)

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* Sobre a professora *

Maissa Bakri é professora, bailarina e coreógrafa de dança flamenca. Tem graduação em Ciências Biológicas e mestrado em antropologia nutricional pelo Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da USP, com ênfase nas relações entre ecologia, cultura, alimentação e saúde. Faz constantes imersões pela escrita e a psicanálise, buscando descidas transversais, muitas vezes incômodas, mas sempre recompensadoras.

Paulistana, desde cedo mantém relação com a dança e a expressão corporal. Aos 7 anos, iniciou-se na ginástica rítmica e no jazz. Explorou, em diferentes momentos de sua trajetória, as danças de salão, a yoga, a dança do ventre, o teatro e o butô. Descobriu o flamenco em 2006 e, desde então, vem se aperfeiçoando com renomados profissionais, no Brasil e na Espanha, como Vera Alejandra e Andrea Guelpa, além de destacados bailaores e coreógrafos espanhóis, entre eles: Manuel Liñán, Juana Amaya, Jesús Carmona, Juan Paredes, Rafaela Carrasco, Concha Jareño, Joaquin Ruiz, Marco Flores, Carmen La Talegona, Domingo Ortega, Inmaculada Ortega e Yolanda Heredia.

Atua como professora em São Paulo: na Cuadra Flamenca, em Pinheiros, e no Estúdio Kairós Flamenco, no Bixiga. Ministra cursos regulares e intensivos e desenvolve oficinas e cursos em outras instituições e eventos. 

Integra a Cia. Cuadra Flamenca de dança, dirigida por Vera Alejandra, com presença na cena cultural paulista, em eventos como: Circuito Cultural Paulista, Virada Cultural Paulista, Festival Satyrianas, Instituto Cervantes, Restaurante Paellas Pepe, Livraria da Vila, entre outros.

* Trechos curtos das referências bibliográficas indicadas a seguir serão enviadas para os inscritos. Recomenda-se que a leitura seja feita previamente à oficina*

Dani Lima. Gestos: práticas e discursos. Rio de Janeiro: Cobogó, 2013.

Féliz Guattari e Sueli Rolnik. Cartografias do desejo. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.

Göran Lundborg. The hand and the brain – From Lucy’s thumb to the thought-controlled robotic hand. London: Springer, 2014.

Jacques Ranciére. O mestre ignorante – Cinco lições sobre a emancipação intelectual. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

Gwynne Edwards. Flamenco!. London: Thames & Hudson, 2000.

Alan Badiou. A dança como metáfora do pensamento. In: Pequeno Manual de Inestética. São Paulo: Estação Liberdade, 2002.

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