Espaço [Entre] Mundos e Estúdio Kairós Flamenco convidam:
TUBO DE ENSAIO VI – SONS NEGROS
21 março 2020
Sábado, das 16 às 20h
Espaço [Entre] Mundos – Rua Fortaleza 190 – Bixiga (São Paulo)
Carga horária: 4h
Pré-requisitos: sem pré-requisitos
Público-alvo: interessados em geral
Organização: Estúdio Kairós Flamenco e Espaço [Entre] Mundos
Vagas limitadas! Máximo de 10 participantes por oficina.
*Evento sujeito a número mínimo de participantes
Inscrições com desconto até 03 março: R$ 145
A partir de 04 março: R$ 160
Valor especial para quem já participou de alguma das oficinas do Tubo de Ensaio: R$ 130 (até 03 março) e R$ 145 (a partir de 04 março
Encerramento das inscrições: 18 março
* Sobre a oficina *
‘Esses sons negros são o mistério, as raízes que penetram no limo que todos conhecemos, que todos ignoramos, mas de onde nos chega o que é substancial em arte.’ ¹
‘Sons negros’ é a sexta oficina do projeto 'Tubo de Ensaio', uma série de experimentos temáticos voltados à dança, com foco na dança flamenca. De abordagem transversal², é aberto a pessoas com as mais diversas trajetórias, não sendo necessária experiência em dança.
Com caráter teórico-prático, a oficina tem a intenção de explorar os ‘sonidos negros’ mencionados por Manuel Torres, e sua relação com o ‘duende’ flamenco, o mistério e a feminilidade, continente negro da psicanálise. A ideia surgiu da leitura do livro ‘Juego y teoría del duende’¹, de Federico Garcia Lorca e dos ensaios do livro ‘Sobre o feminino: reflexões psicanalíticas’³, organizado por Claudio Castelo Filho.
‘Tudo o que tem sons negros tem duende’, ou, colocado de outra forma, ‘a verdadeira luta [do artista] é com o duende’, um poder misterioso e obscuro que não se encontra em nenhum mapa, não se cultiva com exercícios. Sua chegada pressupõe transformações radicais, o frescor da criação em ato, a abertura para a morte, a tolerância ao mistério e à sua impenetrabilidade. ‘O duende não chega se não vê possibilidade de morte’, ele ama a borda e a ferida, aquela que nunca se fecha, eternamente; a feminina. É tudo aquilo que não se repete, o indizível, a angústia, o enigma. Não à toa, sua ligação intensa com a arte flamenca e a terra espanhola.
‘Em todos os países a morte é um fim. Ela chega e fecham-se as cortinas. Na Espanha, não. Na Espanha elas são abertas. [...]’.
A oficina pretende, assim, encontrar e pressionar algumas bordas e feridas, de forma amorosa e suave, pois ‘o duende se encarrega de fazer sofrer’. Sofrimento inevitável, este, onde habitam os sons negros, ‘por trás dos quais estão já em terna intimidade os vulcões, as formigas, os zéfiros e a grande noite apertando a cintura com a Via Láctea.’
Evitando a lógica da explicação e da subordinação de uma inteligência a outra, a oficina atua por meio das leituras indicadas, das trocas entre os participantes, da criação de novas narrativas e da expansão do repertório teórico, corporal, expressivo e técnico de cada um, independentemente de suas experiências prévias.
¹ Lorca, Federico Garcia. Juego y teoría del duende, de 1933. Barcelona: Nortesur, 2010./ 2 No sentido dos “elementos inconscientes que trabalham secretamente especialidades por vezes muito heterogêneas”. Féliz Guattari e Sueli Rolnik. Cartografias do desejo. Rio de Janeiro: Vozes, 2005./ ³ Claudio Castelo Filho (Org.). Sobre o feminino: reflexões psicanalíticas. São Paulo: Blucher, 2018.
* Programa *
* My-sterion - Carmen (vivência corporal e produção escrita)
* Fendas e buracos negros (desenho com carvão e registro fotográfico)
* Sons negros (produção percussiva/baile)
* Seguiriya e a morte (prática experimental/ manipulação argila)
* A fome! (confraternização - acepipes incluídos – apoio Tabieh)
INSCREVA-SE AQUI
* Sobre a professora *
Maissa Bakri é professora, bailarina e coreógrafa de dança flamenca. Tem graduação em Ciências Biológicas e mestrado em antropologia nutricional pelo Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da USP, com ênfase nas relações entre ecologia, cultura, alimentação e saúde. Faz constantes imersões pela escrita e a psicanálise, buscando descidas transversais, muitas vezes incômodas, mas sempre recompensadoras.
Paulistana, desde cedo mantém relação com a dança e a expressão corporal. Aos 7 anos, iniciou-se na ginástica rítmica e no jazz. Explorou, em diferentes momentos de sua trajetória, as danças de salão, a yoga, a dança do ventre, o teatro e o butô. Descobriu o flamenco em 2006 e, desde então, vem se aperfeiçoando com renomados profissionais, no Brasil e na Espanha, como Vera Alejandra e Andrea Guelpa, além de destacados bailaores e coreógrafos espanhóis, entre eles: Manuel Liñán, Juana Amaya, Jesús Carmona, Juan Paredes, Rafaela Carrasco, Concha Jareño, Joaquin Ruiz, Marco Flores, Carmen La Talegona, Domingo Ortega, Inmaculada Ortega e Yolanda Heredia.
Atua como professora em São Paulo: na Cuadra Flamenca, em Pinheiros, e no Estúdio Kairós Flamenco, no Bixiga. Ministra cursos regulares e intensivos e desenvolve oficinas e cursos em outras instituições e eventos.
Integra a Cia. Cuadra Flamenca de dança, dirigida por Vera Alejandra, com presença na cena cultural paulista, em eventos como: Circuito Cultural Paulista, Virada Cultural Paulista, Festival Satyrianas, Instituto Cervantes, Restaurante Paellas Pepe, Livraria da Vila, entre outros.
* Trechos selecionados das referências bibliográficas indicadas a seguir serão enviadas para os inscritos. A leitura (cerca de 12 páginas) deve ser feita previamente à oficina, pois as dinâmicas são organizadas em torno desse conteúdo.*
Lorca, Federico Garcia. Juego y teoría del duende, de 1933. Barcelona: Nortesur, 2010.
Claudio Castelo Filho (Org.). Sobre o feminino: reflexões psicanalíticas. São Paulo: Blucher, 2018.
Joel Birman. Cartografias do feminino. São Paulo: Editora 34, 1999.
Valter Hugo Mãe. A desumanização. São Paulo: Biblioteca Azul, 2017.
Layla Loli. A história do gozo e outros canibalismos. São Paulo: Mocho Edições, 2019.
Beatriz Bracher. Anatomia do Paraíso. São Paulo: Editora 34, 2015.
Jacques Ranciére. O mestre ignorante – Cinco lições sobre a emancipação intelectual. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
**Sob a pele (EUA, 2013 – 108 min). Direção: Jonathan Glazer. [FILME]